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História


O povo da Sanguinheira depois de ver o então de Coimbra, Dom António Antunes, publicar, através de uma Nota Pastoral, em 5 de Janeiro de 1946, a criação da paróquia local, começou, justamente, a pensar na elevação da comunidade a freguesia.

E depois de uma tentativa gorada no tempo do Estado Novo (onde a saudosa e benquista professora Clementina teve papel importante numa Comissão constituída por gente dos vários lugares), a população da Sanguinheira teve, finalmente a alegria de festejar a separação da vizinha freguesia de Cadima – foi o culminar do trabalho desenvolvido pela Comissão Promotora constituída por Manuel Augusto Almeida Santos, Manuel Cruz, Manuel Jorege Teixeira, António Rama O. Moleiro, Manuel Maria Oliveira (Maricato), e os já falecidos Manuel Francisco Rolo, Manuel Páscoa das Vinhas e Joaquim Ferreira da Silva (Nestor) -, em 3 de Julho de 1986 (depois de consenso verificado em Assembleia, Junta de Freguesia de Cadima, com Assembleia Municipal e a Câmara de Cantanhede, então presidida pelo edil Albano Pais de Sousa), quando uma proposta do então deputado social-democrata Carlos da Encarnação foi votada por todos os partidos que estavam representados na Assembleia da Republica. O Decreto-Lei foi publicado no Diário da República de 19 de Agosto do mesmo ano.

A seguir foi formada a Comissão Instaladora da nova autarquia (constituída por Manuel Augusto da Almeida Santos, António Taipina de Oliveira Moleiro, Dinis Oliveira Domingues, Manuel Jorge Teixeira, Sérgio Repas (em representação da Câmara Municipal de Cantanhede), Ezequiel Silva (em representação da Junta de Freguesia de Cadima e Augusto Mendes Gaspar em representação da Assembleia da Freguesia de Cadima), que preparou as primeiras eleições autárquicas realizadas em 15 de Março de 1987.

A posse dos primeiros eleitos da Sanguinheira verificou-se em 28 de Março de 1987.

E dai até aos nossos dias as gentes da Sanguinheira têm assistido a um surto de desenvolvimento nunca visto antes da sua emancipação.

 

Origens

As origens da Sanguinheira perdem-se no tempo. Apesar de haver poucos documentos sobre a sua fundação, aparecem referências directas de alguns lugares que constituem a freguesia actual. Destes deve-se mencionar Corgo do Encheiro, Escoural, Fervença e Pedras Ásperas, que foram outrora mais influentes do que Sanguinheira. Até então, todas esta povoações pertenciam ora ao concelho de Arazede, ora ao concelho de Cadima, até que este foi extinto devido à reforma liberal do século XIX.

É com a fundação da paróquia que a localidade começa a ter uma certa autonomia, ainda que apenas no plano religioso. A paróquia, cujo órago é o Imaculado Coração de Maria, foi erecta for decreto episcopal em 1945, sendo então bispo de Coimbra Dom António Antunes. A Freguesia civil de Sanguinheira veio a ser criada no dia 3 de Julho de 1986.

 

Casa Gandareza

O modelo da casa gandaresa levou cinco séculos a amadurecer e a apurar-se, sem interferências de outras culturas que o descaracterizassem, salvo as influências de tradição mourisca e a incorporação de elementos renascentistas, que lhe acrescentou encanto e elegância. Deixando adivinhar a vida sóbria e serena do campo é ela fruto duma sólida sabedoria, conformada em sucessivas gerações, e duma relação harmónica e feliz com a paisagem e os elementos.

A casa gandaresa encontra remota filiação na casa árabe ou mourisca. À arquitectura do granito, que se desenvolve em altura, o sul contrapõe um espaço térreo, organizado em planta centrada, aberto para o interior, recorrendo a alvenarias  de terra crua e cozida. É portanto uma casa-pátio, de nítida filiação árabe, cujos materiais originários seriam o adobe, a telha caleira e a madeira de pinho. Parece haver, no entanto, no pátio gandarês, um remoto eco dos espaços interiores romanos, sobretudo da casa rural romana, e que se viram revividos nos claustros românicos de grande número de conventos.

Revitalizar a construção em adobe, ou pelo menos em técnica mista de adobe e cimento, este nos pilares e vigas, traria não apenas o usufruto de espaços mais agradáveis mas também a vantagem economica do menor custo dos materiais utilizados.

A casa integra-se na paisagem e quase se funde com ela. Daí que passe muito despercebida. A casa é como quem a habita: humilde, serena, integrada, funcinal e feliz.

A construção em adobe, de tradição ancestral, produziu em si, em termos sociológicos, uma contradição aparentemente insanável. Se os nossos antepassados apreciavam a construção em terra pelo seu carácter confortável e quente, maternal e protector, puro e consonante com a terra a que se sentiam ligados, mais recentemente, as gentes, sobretudo as mais desprotegidas, sentem-se nela presas e envergonhadas, como num arcaismo que se lhes afigura obstáculo às aspirações sociais de consumo, ostentação e afirmação, em subserviência às imagens materiais do progresso moderno.

Um olhar mais atento para com este fascinante modo de habitar revela-nos um tesouro que se vai desvendando, mas que se sabe fugaz, pois, qual espécie em vias de extinção, dentro de anos não restará de pé um único exemplar, redundando em perda de memória e dum património colectivo que, pese embora a sua despojada aparência, guarda uma enorme riqueza que se vai dissipando.

Esperamos pois que, através dum empenhamento colectivo e convergente, se possam vir a preservar pelo menos os exemplares mais significativos dessa arquitectura tão serena, que transporta em si uma beleza intensamente discreta, e que, tal como a vida, é efémera e ternamente frágil.

Publicado por: Freguesia de Sanguinheira

Última atualização: 10-01-2024